sábado, 30 de julho de 2011

Gigantes da Fé estão nos deixando


Alguns homens de Deus, gigantes da fé cristã, estão partindo para a eternidade. É o caso do pastor e teólogo John Stott, que nos deixou no dia 27 de julho. O meu despertar para os frutos desse simples cristão aconteceu a partir de seus escritos sobre a forma de ver e vivenciar o evangelho. Foi em Cristianismo Equilibrado (um de seus livros) que eu pude encontrar eco para uma expressão que sempre me acompanhou, “o Evangelho é para ser pensado”. John Stott falava sobre “uma fé racional” onde a confiança deve germinar do conhecimento profundo do caráter de Deus.

Os títulos das suas obras já conduzem o leitor para a forma como ele compreendia o reino de Deus e como devemos nos portar com respeito à vida cristã. Crer é Também Pensar, Entenda a Bíblia, Cristianismo Equilibrado e Cristianismo Básico são exemplos disso.

O que Stott ensinou indica ainda uma postura que ia de encontro à cultura evangélica que se estabelece em nosso tempo. Por exemplo, quantas vezes nós o vimos na televisão? Quantas vezes ele alardeou uma cruzada ou evento promovido por ele mesmo? Onde ele enfatiza a realização terrena em detrimento da glória futura?

A propósito, o evento que John Stott promoveu, ao lado de outro gigante, Billy Graham, ainda ecoa hoje porque não tinha um caráter imediatista e não levava as pessoas ao engano de enfatizar uma prosperidade momentânea como se essa satisfação fosse garantia de autenticidade cristã. Refiro-me ao Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em Lausanne, Suíça, em 1974. Ao presidir a comissão que elaborou o Pacto de Lausanne, trouxe influência ao movimento evangélico de tal forma que hoje, qualquer instituição evangélica séria que promova Missões, recorre ao Pacto de Lausanne, sendo este um marco.

O site Cristianismo Hoje finalizou a notícia de sua morte de forma belíssima quando disse: “Em todas suas viagens, sempre recusou hospedagem em hotéis cinco estrelas. Não costumava nem repetir refeições. “Quando comemos um segundo prato, alguém está deixando de comer o primeiro”, dizia. Tudo a ver com alguém que, ao morrer, possuía apenas um sítio e um apartamento e definia dessa maneira o que é ser evangélico: ‘É ser um cristão simples e comum’.”.

Outro humilde servo de Deus que partiu recentemente foi o Pr. David Wilkerson, autor de "A Cruz e o Punhal". Ao receber a notícia de sua morte no dia 27 de Abril, senti angústia mesmo sabendo que este profeta está ouvindo a voz do Pai, em um lugar melhor do que o que nos encontramos agora.

Minha tristeza é em saber que mais um profeta nos deixou, numa hora em que precisamos de profetas com o quilate de Wilkerson. Sua vida, seu exemplo, o trabalho pioneiro de levar o evangelho aos drogados e as gangues, seus livros proféticos, suas pregações tais como "Um chamado para a angústia", sermões que reconhecem Deus em Seu lugar e o homem em sua total dependência Dele... São tantas coisas que ficarão na saudade... Acho que não temos idéia do impacto que a vida e o ministério de David Wilkerson causaram em várias gerações.

Que a morte e o exemplo desses homens impulsionem-nos a pregar com autoridade e imparcialidade contra a famigerada teologia da prosperidade, enfatizando o Evangelho da Cruz e a Cruz de Cristo (outro título de John Stott).

Em Cristo,
Cláudio Ananias

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Adoração, Louvor e Entretenimento



Para melhor compreender a condição da igreja evangélica brasileira hoje, uma análise da forma como é concebida a adoração e o louvor podem trazer luz, visto que o seguimento da música gospel cada dia cresce e floresce até mesmo nos mais variados ramos da sociedade. Dentro da própria igreja, se confunde louvor com música e adoração com shows gospels. Caminhando nesse sentido, a igreja brasileira fornece ao público leigo em matéria de Evangelho uma fotografia distorcida e embaçada da essência cristã.

E no quesito entretenimento dentro da igreja, com inovações e modismos, a prática cristã atual cada vez mais se assemelha à parques de diversões e jogos de entretenimento. Ao discorrer sobre esse tema, Philip Yancey concluiu: “A igreja existe, não para oferecer entretenimento, encorajar vulnerabilidade, melhorar auto-estima ou facilitar amizades, mas para adorar a Deus. Se falharmos nisso, a igreja fracassa”.1

Sobre este assunto, quero compartilhar o que compreendo ser a verdadeira adoração que Jesus ensinou à samaritana.

ADORAÇÃO

O tema adoração nos faz lembrar o diálogo de Jesus com a samaritana (Jo 4). Gosto de chamar a atenção nesse diálogo para as palavras de Jesus em resposta à mulher: “crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai”. Antes, a samaritana havia argumentado: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” (vers. 20 e 21).

Jesus estava respondendo à altura do que ela havia proposto, ou seja, um lugar certo para a adoração. Um modelo certo, um ambiente, um contexto, um ritual. A adoração a Deus estava sendo reduzida ao mero cerimonialismo.

Mas, afinal de contas, o que é adoração? Talvez muitas respostas venham a nossa mente diante dessa pergunta. Mas vamos aprofundar o conceito, pensando em algo além de respeito, veneração ou culto. Por que, para adorar a Deus, eu preciso levantar as mãos? E por que tenho que me ajoelhar? Ou ficar em pé? Por que tem que ser na igreja? Ou no contexto de um culto? Com que roupa devo adorar? E a música? Qual estilo, qual ritmo? Quais instrumentos? Em que denominação evangélica? E por que evangélica? Não é possível adorar num ambiente católico?

Jesus respondeu todas essas perguntas, e outras mais, quando disse: “crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai”. A adoração a Deus não pode ser compreendida a partir de gestos, nem da forma como se encontra nosso corpo, se em pé, sentado ou com as mãos levantadas. Para adorá-lO não é preciso ajoelhar-se, ou se ver numa liturgia. Não importa se os homens estão de terno e gravata, ou de jeans e camiseta. Na verdade, não importa se a vestimenta é um calção ou bermuda, a mesma que se usa para jogar futebol. E também não se adora a Deus pensando em seguimentos religiosos. Qual a garantia que tenho, de que aquela beata ecumênica não adora a Deus em sinceridade?

Quem disse que a valsa e a guarânia são os ritmos adequados para adorá-lo? E desde quando eu preciso de música para fazê-lo?

George R. Foster, prefaciando o livro Por que tarda o Pleno Avivamento, de Leonard Havenhill, coloca: “Para ele, a questão não é se tocamos bateria em nossos templos ou se levantamos as mãos no culto de louvor”. E Havenhill finaliza seu prefácio sugerindo: “Que nós possamos viver sempre com os valores eternos em vista!”.2 Era para esses valores eternos que Jesus estava guiando aquela mulher. Imersos em conceitos distantes da aproximação que se deve ter com o Criador, judeus e samaritanos confundiam a vontade de Deus com rituais, até que O Messias aparece para esclarecer: não é em Jerusalém, não é neste monte, não é com este gesto, não é com esta roupa, não é com este rítmo, não é com esta liturgia, não é nesses ambientes, não é criando esses ambientes... É em espírito e em verdade. A verdadeira adoração a Deus acontece como estilo de vida.

Em tempo:
Há estilos musicais que enfatizam exageradamente a sensualidade e a carnalidade. E estes não são próprios para receberem letras que conclamam a adoração a Deus, tendo em vista que a adoração é algo que fazemos em nosso espírito, no âmbito espiritual. Um cristão autêntico não realça a carne.

Cláudio Ananias

Referências:

1 YANCEY, Philip. Igreja: Por Que me Importar, pag. 25. Apud Revista Ultimato, julho-agosto, 2005.

2 HAVENHILL, Leonard. Por que tarda o Pleno Avivamento. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1989.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Declaração do dízimo, “indulgência” para títulos eclesiásticos?



A igreja evangélica no Brasil cresceu dando ênfase a evangelização e o ensino da Palavra de Deus. Este crescimento acelerou-se a partir de 1910, com a chegada do Pentecostalismo, trazido por alguns irmãos que haviam experimentado a chama do Movimento Pentecostal, dentre os quais cito Daniel Berg e Gunnar Vingren, fundadores das Assembleias de Deus no Brasil.

Ao olhar para o início desse movimento, vemos de fato um destaque na obra de evangelização. Cada crente tinha prazer em compartilhar sua fé, em sair para as ruas anunciando a mensagem do evangelho, de porta em porta, entregando folhetos, realizando cultos ao ar livre na casa de algum irmão, além do evangelismo nos trens, nos ônibus, nas praças e no próprio templo com a extinta “boca de ferro”, um aparelho que amplificava o som levando a mensagem às residências mais distantes. E o resultado era rápido, pois muitas pessoas se convertiam, apesar das perseguições enfrentadas por parte do catolicismo romano radical, especialmente no interior do estado, nas primeiras décadas do evangelismo pentecostal.

E a medida que os trabalhos iam se desenvolvendo, alguns modelos de liturgia iam sendo implantados, tais como o cântico congregacional (a edição da harpa cristã como hinário oficial ajudou na difusão e prática desse modelo), a leitura bíblica oficial, a pregação, a implantação de conjuntos (uma marca das ADs são os ‘conjuntos’ de mocidade, de senhoras, infantil, etc, que cantam sempre nos cultos) e o recolhimento de dízimos e ofertas, dentre outras atividades litúrgicas.

O lema desse movimento sempre foi: Jesus Cristo salva, cura, batiza com Espírito Santo e em breve voltará.

Mas, de um tempo pra cá, talvez pela influência do neopentecostalismo, temos presenciado a mudança de foco. As igrejas tendem a ser mais estruturadas fisicamente buscando um melhor conforto para seus membros, e isso tem levado alguns líderes à busca exagerada pelo requinte e ostentação. Sem falar nos salários pagos aos pastores e membros de diretorias. Se pegarmos uma planilha de gastos, coisa muito difícil de se conseguir em algumas administrações, vamos ver, por exemplo, que a obra de evangelismo e missões não tem primazia nos investimentos da igreja atual.

Como se isto não bastasse, essas mudanças estão sendo refletidas nas práticas litúrgicas e também nos deveres que são impostos aos membros das denominações. Sabemos que o dízimo e as ofertas alçadas é uma doutrina bíblica praticada pelos assembleianos e outras denominações de forma livre, de acordo com a fé e a consciência que cada crente tem da necessidade de ser participante na construção desse seguimento religioso. Sem que seja necessária a imposição, a declaração de dizimista, como obrigação para ser membro. Se assim fosse, teríamos a volta das indulgências, com outra roupagem, pois as indulgências tinham como objetivo conceder perdão, atenuar a gravidade de uma falta, ou remir os pecados dos fiéis da igreja.

E a Assembleia de Deus, que este ano comemora seu centenário, não precisou dar ênfase à doutrina dos dízimos e ofertas, não precisou instituir declaração de dízimo, pois ela cresceu e se desenvolveu com as contribuições financeiras de seus membros que acreditavam no trabalho e o faziam com amor e dedicação. Mas...



Existem convenções locais que colocam a declaração de dízimo como uma das prerrogativas para a consagração ao diaconato, presbitério e ministro (evangelistas e pastores). E essa prerrogativa, em algumas análises, fica acima de qualidades morais como: bom testemunho, conhecimento bíblico, preparo teológico e espírito de liderança. É como se as condições colocadas pelo colegiado apostólico, em Atos 6, não fossem suficientes, “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”.
Por exemplo, no estatuto da IEADERN, o candidato ao diaconato deve “ser fiel, comprovadamente, nas contribuições para a igreja” (Art 53) além de outros requisitos apresentados.

Em outras palavras, se o candidato cumprir com todas as condições: ter vocação divina para o diaconato; ser batizado com o Espírito Santo, ter conhecimento das Sagradas Escrituras, ser obediente à doutrina e aos usos e costumes da IEADERN, ter testemunho pautado nos princípios das Sagradas Escrituras; ter, no mínimo, três anos como auxiliar de trabalho” e não apresentar pelo menos 6 (seis) comprovantes de declaração de dízimo, não pode ser consagrado.

Minha análise é, será que não estamos mudando o foco? Será que não estamos nos distanciando do real objetivo da igreja?

Acredito na doutrina bíblica do dízimo, ensino e pratico sob a ótica da generosidade. Entretanto, nunca declarei, e não creio ser correto exigir declaração, como se fosse confissão de fé, ou profissão de fé.

Infelizmente nosso Centenário está marcado por pretensões econômicas, pretensões financeiras que embotam a ênfase missionária e evangelística dos primeiros dias pentecostais.

Em Cristo,
Cláudio Ananias

sexta-feira, 4 de março de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas (Lição 9)


Subsídio para Lições Bíblicas (Lição 9)

A Conversão de Paulo

Quem era Paulo antes de sua conversão?

O escritor de Atos dos Apóstolos usa inicialmente o nome Saulo para se referir a este personagem. Somente a partir do capítulo 13, versículo 9, Lucas passa a referir-se a ele como Paulo: “Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele...”.

Saulo era o seu nome hebreu, e Paulo, o nome romano, originário do latim. A autora do hino 196 da Harpa Cristã, Frida Vingren, usa um paralelismo para ilustrar a conversão desse apóstolo construindo a seguinte expressão: “Mui zeloso pela lei foi Saulo, perseguia o povo de Deus, mas transformado foi em um Paulo, pois achou ele a rosa dos céus”. Isso não quer dizer que após sua conversão, Paulo deixou de ter o nome Saulo, apenas este nome não foi mais usado (pelo menos nos registros de Lucas e em suas epístolas).

Paulo:

• Era judeu, da tribo de Benjamim: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus” (Fl 3.5).

• Nascido em Tarso: “sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia” (At 22.3).

• Estudou com Gamaliel, um dos mestres mais respeitados entre o povo: “um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo” (At 5.34). “nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais” (At 22.3).

• Fariseu: “Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.” (At 26.5). “segundo a lei, fui fariseu” (Fl 3.5).

• Falava hebraico e grego: “falou-lhes em língua hebraica” (At 21.40). “E, quando ouviram falar-lhes em língua hebraica, maior silêncio guardaram” (At 22.2). “

• Tinha duas cidadanias: era romano - “disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um romano, sem ser condenado?E, ouvindo isto, o centurião foi, e anunciou ao tribuno, dizendo: Vê o que vais fazer, porque este homem é romano.E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento” (At 22.25-28); e israelita – “E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 1.14). “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim” (Fl 3.5).

• Aprendeu o ofício de fazer tendas: “E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.” (At 18.3).

Paulo e sua eloqüência

O discurso de Paulo no Areópago citando os poetas gregos (At 17.28), seu escrito a Tito fazendo referência a outro poeta (Tt 1.12), seu pedido a Timóteo para que trouxesse os livros e os pergaminhos (2Tm 4.13), traz a tona a necessidade de os verdadeiros cristãos estarem preparados também intelectualmente, buscando conhecimentos externos, afim de poderem “persuadir os homens a fé” (2 Co 5.11), e demonstrar que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1.18).

A eloquência de Paulo diante de Festo e do rei Agripa são uma demonstração do seu preparo. Diante daquelas autoridades a sua preleção foi tão convincente que Lucas registrou: “E disse Agripa a Paulo: Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” (At 26.28).

Sigamos seu exemplo, como ele seguiu o de Cristo (1 Co 11.1).
Cláudio Ananias

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas (Lição 8)

Quando a Igreja de Cristo é Perseguida




Perseguição à Igreja! Quando este assunto entra em pauta, para os que leram Torturado por amor a Cristo, do cristão romeno Richard Wurmbrand, não é possível que o conteúdo ali exposto seja esquecido. O relatório comovente de um sobrevivente dos suplícios a que a Igreja da Cortina de Ferro foi exposta traz para os cristãos a certeza de que, ainda no presente, é possível ser fiel à Cristo diante das perseguições, sejam elas em quais níveis forem.

Logo no início da 5ª edição deste livro, lemos as palavras: “O playboy que se tornou pregador — esteve preso durante 14 anos em ca¬deias comunistas.
Os guar¬das tentaram forçá-lo a confessar que pertencia a uma rede de espionagem imperialista.

Foi açoitado, torturado e obrigado a ingerir dro¬gas.
Apesar de tudo ele resistiu e ficou firme.

Passou dois anos na "cela da morte" — assim chamada por não ter vol¬tado ninguém dali com vi¬da.
”1

O Pr. Claudionor de Andrade, comentarista deste trimestre, procura aguçar a curiosidade dos que não tiveram acesso à obra aludida ao dizer: “Quem ainda não leu o excelente livro Torturado por Amor a Cristo?... mostra-nos o quanto a Igreja de Cristo sofreu nos paises comunistas. Atrás da cortina de ferro, eram os cristãos perseguidos física, cultural e institucionalmente”.

Aqui reproduzo o resumo, encontrado na página 5: “O Rev. Richard Wurmbrand é o ministro evan¬gélico que passou 14 anos como prisioneiro dos comu¬nistas, torturado em sua própria terra, a Romênia. É um dos mais conhecidos líderes evangélicos, autor e educador. Poucos nomes são mais conhecidos em sua terra natal.

Em 1945, quando os comunistas tomaram a Romênia e tentaram submeter às Igrejas aos seus propósitos, Richard Wurmbrand imediatamente iniciou um minis¬tério eficiente e vigoroso, pelo processo chamado "sub-terrâneo", destinado à pregação do Evangelho ao seu povo escravizado pelos soldados russos invasores. Foi preso em 1948 com sua esposa Sabina. Durante três anos sua esposa trabalhou escravizada e Richard Wurm¬brand passou esse tempo numa prisão solitária — sem ver qualquer pessoa, a não ser os seus torturadores co¬munistas. Depois de três anos foi transferido para uma cela coletiva, onde as torturas continuaram durante cinco anos.

Por causa de sua liderança cristã internacional, di¬plomatas de embaixadas estrangeiras indagaram ao go¬verno comunista sobre sua segurança. A resposta foi que ele havia fugido da Romênia. Elementos da polícia secreta, passando como ex-companheiros de prisão, dis¬seram à sua esposa que assistiram ao seu funeral no cemitério da prisão. Sua família na Romênia e seus amigos de outros países foram avisados que deveriam esquecê-lo em vista de já estar morto.

Depois de oito anos foi solto e imediatamente reas¬sumiu seu trabalho na Igreja Subterrânea. Dois anos depois, em 1959, foi outra vez preso e condenado a 25 anos de reclusão.

Foi solto em 1964 por uma anistia geral e mais uma vez prosseguiu em seu ministério secreto. Levando em consideração o grande perigo de um terceiro período na prisão, crentes da Noruega negociam com as auto¬ridades comunistas sua permissão para deixar a Romênia. O governo comunista havia iniciado a "venda" dos seus presos políticos. O preço da libertação de um prisioneiro era de 800 libras, mas o preço de Wurmbrand foi fixado em 2.500 libras!

Em maio de 1966 testemunhou ele em Washington perante a Subcomissão de Segurança Interna do Se¬nado Americano, ocasião em que tirou a camisa para mostrar aos presentes dezoito profundas cicatrizes pro-vocadas pelas torturas físicas recebidas.
Sua história foi levada a todo o mundo pela im¬prensa livre dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. Em setembro de 1966 foi advertido que o regime comu¬nista da Romênia decidira eliminá-lo. Apesar disso não silenciou e continua a dar seu testemunho. Tem sido chamado "a voz da Igreja Subterrânea". Líderes cristãos têm-no considerado o "Mártir Vivo" e o "Paulo da Cortina de Ferro
".2

Esse retrato de perseguição pode ser visto como uma continuidade dos encalços que a igreja enfrentou nos seus primórdios. E não há uma única razão para tal, muitos motivos são patentes hoje na contemporaneidade da Igreja. Earle E. Cairns, historiador da Igreja cristã, coloca como causas da perseguição a política, a religião, os problemas sociais e econômicos.3 Pr. Altair Germano comenta a abordagem de Cairns em seu comentário desta semana: http://www.altairgermano.net/2011/02/quando-igreja-de-cristo-e-perseguida.html

É importante mencionar ainda nesse tema, as constantes perseguições que a Igreja evangélica sofreu na implantação de seus trabalhos no Nordeste do Brasil, especialmente pela liderança católica. Por exemplo, no Rio Grande do Norte, muitos municípios enfrentaram esse tipo de perseguição como é destacado na História das Assembléias de Deus no Brasil. No município de Ceará-Mirim foi deflagrada uma campanha difamatória pelo vigario local e seus paroquianos culminando numa procisão de desagravo. Por ocasião da inauguração do templo, o padre quis impedir o evento ameaçando transtorná-lo. Assim narra os historiadores: “Os evangélicos recorreram ao Governador do Estado, Juvenal Lamartine, que deu todo apoio e proteção, não só para inaugurar o templo com também para pregar o evangelho”.4

Como forma de contextualizar a situação da Igreja hoje, no que concerne a perseguição, um bom subsídio está no site da Missão Portas Abertas, onde é colocado a classificação de países por perseguição: www.portasabertas.org.br/classificacao
Excelente aula!

Cláudio Ananias

Referências:
1. WURMBRAND, Richard. Torturado por Amor a Cristo. Imprensa Metodista, 1976. Pg. 2.
2. Idem, pg. 5
3. CAIRNS, Earle E. O Cristianismo através dos séculos. São Paulo, Vida Nova, 1995. Pg. 70-73.
4. ALMEIDA, Abraão de. História das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro, 1982. Pg. 147.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas (Lição 7)


Assistência Social, um importante negócio

A assistência Social na igreja é de suma importância, tendo em vista os desafios que comumente se enfrenta neste quesito, nas mais diferentes comunidades cristãs. Quando alguém se converte, é preciso ter em mente que a igreja recebeu mais um membro, porém devemos ir além desse pensamento, o de que foi simplesmente mais uma alma para o reino de Deus. A propósito, quando usamos a expressão alma, corremos o risco de espiritualizar demais aqueles que se tornam participantes da igreja de Cristo, e não vermos as necessidades socialmente comuns daqueles que se convertem.

Os que recebemos na igreja, como novos integrantes da família de Deus, são de fato membros de uma nova família, e muitos vêem a procura de amparo, de proteção, de cuidado em todos os níveis da vida. Devemos, portanto, ter em mente que o evangelho deve atingir o homem em todas as suas necessidades, e a igreja deve cumprir com seu papel de inclusão social e de assistência.

Observe que, ao ganharmos para Cristo um drogado, uma prostituta, um ancião, uma criança de rua, etc, temos o dever de buscar através dos meios legais o auxílio que for próprio de cada situação. O Salmo 68, vers. 5 e 6 assegura “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo. Deus faz que o solitário viva em família”.

Há igrejas com condições plenas de ter um hospital próprio, na área de geriatria, pediatria e tantas outras áreas, além de escolas de nível fundamental e médio, e, contudo, não despertam para estes investimentos tão necessários.
A igreja primitiva dá-nos o exemplo.
Os judeus sempre cuidaram bem das suas viúvas e de seus órfãos. Toda sinagoga tinha um serviço permanente para cuidar destas pessoas. Uma vez por semana os encarregados pelas coletas recolhiam nos mercados e nas casas donativos em dinheiro para os pobres. Um comitê estabelecido pela comunidade supervisionava a distribuição. Aqueles que tinham necessidades temporárias recebiam uma ajuda e os totalmente necessitados recebiam o suficiente para duas refeições diárias para a semana inteira. Este fundo para os pobres chamava-se Kuppá (cesta) e a coleta diária de alimentos para suprir os mais necessitados chamava-se Tamjui (bandeja)1”.
Alguns eruditos advogam que o ofício diaconal foi copiado da sinagoga judaica: toda sinagoga tinha pelo menos três diáconos, os quais eram chamados parnasim, palavra essa derivada do vocábulo parnes, que significa alimentar, nutrir, sustentar, governar. O parnas ou diácono era uma espécie de juiz na sinagoga; e de cada um deles se requeria doutrina e sabedoria, a fim de que pudessem discernir e passar julgamento justo, tanto nas questões sagradas como nas questões civis. O Chazan e o Chamash eram também ofícios parecidos com o do diaconato2.”

Devido a queixa dos judeus que falavam grego, a respeito da ausência do cuidado para com as suas viúvas, houve a necessidade de se eleger homens que cuidassem desse serviço de ajuda aos necessitados, a fim de que eles atendessem a todos, tantos os hebreus como qualquer que aparecesse na comunidade cristã daqueles dias.

É importante considerar os requisitos propostos pelos apóstolos àqueles homens: boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. (At 6.3); e também as recomendações paulinas à Timóteo sobre os diáconos:

“Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância... E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.” (I Tm 3.8-13).

Como se vê, a posição de diácono vai além de consagrações que figuram posições hierárquicas. Este é um bom tema para ser abordado.

Boa aula!

Cláudio Ananias

Referências:
1. BARCLAY, William. Comentário Al Nuevo Testamento, pg 822 (retirado de Diaconia, apostila ETAP).
2. CLARKE, Adam, apud PAGANELLI, pg 36 (retirado de Diaconia, apostila ETAP).

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas



A partir da lição nº 6 (Lições Bíblicas), estarei postando comentários, como subsídio para as aulas.

Lição 6 – A Importância da Disciplina na Igreja

A palavra disciplina, tema da próxima aula, está ligada a uma outra: correção. Do termo hebraico musar, correção diz respeito a instrução, repreensão e advertência. O texto de Provérbios 3.11 (na ARC) faz um paralelismo dístico, ou seja, a característica da poesia hebraica que é a expressão de pensamentos sinônimos em cada linha, com o objetivo de fortalecer a idéia. “Filho meu, não rejeites a correção do SENHOR, nem te enojes da sua repreensão”. O mesmo caso acontece no versículo 1º do capítulo 12, transcrito na lição: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto”.

Assim, precisamos entender disciplina sob esse prisma, pois é com ela que aprendemos quando erramos. Há aqueles que rejeitam a disciplina e preferem continuar no erro, justificando com o jargão errar é humano. Contudo, é mais sábio receber a correção e aprender com os erros dos outros.

Uma expressão que deve ser bem trabalhada em aula é esta: “Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos”. O Mensageiro da Paz, de janeiro, trouxe uma matéria com o seguinte título: Pais presos na Suécia por lei da palmada, casal fica 9 meses na cadeia devido a lei similar à discutida no Brasil. O diretor de relações internacionais da Associação de Defesa Legal da Educação Escolar em Casa (ADLEEC), disse: “Na área de direitos da família na Suécia, as coisas realmente não estão indo bem”1.

Aqui no Brasil, ainda é um projeto de lei (da deputada Maria do Rosário, RS). Porém, ele tem causado polêmica. Sobretudo porque essa lei está representando a interferência direta do estado no modo como os pais devem educar os filhos.
Para este assunto, é bem oportuna a introdução do livro: Os Direitos dos Pais, construindo cidadãos em tempos de crise, da educadora Tania Zagury. De forma elucidativa ela coloca: “... sempre defendi a idéia de que a cada direito corresponde um dever. E o que ouço e vejo é tão somente colocações de deveres dos pais e... direitos dos filhos.”

“... os que vivem acusando os pais, como se todos fossem potencialmente irresponsáveis ou perigosos, nunca os vi procurando nada além do que os pais “fizeram de errado” ou do que “os pais deixaram de fazer”, para, em vez disso, e com mais cautela e generosidade, verificar se não haveria talvez outras explicações para os problemas que surgem amiúde na relação familiar atualmente”

“... será que a razão de grande parte dos problemas não seria exatamente a inversa? Quem sabe os problemas da relação pais e filhos não teriam origem – pelo menos em parte – exatamente no fato de estarem hoje os jovens e as crianças excessivamente inflados pelo que consideram “seus direitos?”. Não estariam esquecendo (deixando de lado, ou não sendo suficientemente esclarecidos) de que têm também, e na mesma proporção, deveres e responsabilidades?”2.

Sendo a disciplina “um regime de ordem imposta ou livremente consentida”3, tendo ela a ver com regras que regem certas comunidades, e estando próxima da palavra discípulo, cabe considerar a disciplina como parte da vida cristã, parte da vida da igreja.

Disciplinas espirituais são procedimentos que o cristão deve ter em sua caminhada. Essa palavra era, e ainda é usada nos círculos cristãos, quando um membro da igreja está “em pecado”, e precisa ser disciplinado. Passar pela disciplina, em muitas comunidades cristãs, é o membro ficar afastado de cargos e reuniões fechadas da igreja. Mas, a disciplina espiritual é mais profunda.

Por exemplo, orar a Deus a sós ou em grupo, contribuir financeiramente, ler a Bíblia, freqüentar a Escola Dominical, evangelizar parentes e amigos, são alguns exemplos de disciplina esquecidos por muitos cristãos.

Quando nos esquecemos ou negligenciamos a disciplina cristã, começando nas coisas mínimas, corremos o risco do esfriamento espiritual e conseqüentemente, o temor a Deus se vai, fazendo com que atitudes pecaminosas se tornem comuns, pois a mente fica dormente para as coisas espirituais e aquilo que era pecado, já não causa remorso ou arrependimento no coração. É a mente cauterizada (I Tm 4.2) Foi exatamente o que aconteceu com Ananias e Safira. Ambos estavam dormentes para com a conduta verdadeira da igreja, e se esbaldaram numa seqüência de pecados tais como a mentira, a hipocrisia e o roubo, confirmando a expressão bíblica: “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7).

É preciso considerar a disciplina, seja de que nível for, como algo para o bem, sempre para o bem. O capítulo 12 de Hebreus é rico nesse assunto. A figura de um pai que disciplina seu filho é explorada, colocando como assertiva o fato de que “... tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?” (Hb 12.9). E também, aqueles que estão sem disciplina não são filhos, são bastardos (Hb 12.8).

Boa aula!

Cláudio Ananias



Referências:
1. Jornal Mensageiro da Paz, janeiro de 2011, pag. 19.
2. ZAGURY, Tania. Os Direitos dos Pais, construindo cidadãos em tempos de crise, Rio de Janeiro, Record, 2004, pág. 12.
3. Dicionário Aurélio.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Site (blog) da EBD Soledade 2

O site (blog) da EBD em Soledade 2 já está no ar. Devagar vamos colocando as informações e novas postagens. Vocês podem acessar também pelo link que coloquei na área Blogs indicados.