quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Subsídio para Lições Bíblicas



A partir da lição nº 6 (Lições Bíblicas), estarei postando comentários, como subsídio para as aulas.

Lição 6 – A Importância da Disciplina na Igreja

A palavra disciplina, tema da próxima aula, está ligada a uma outra: correção. Do termo hebraico musar, correção diz respeito a instrução, repreensão e advertência. O texto de Provérbios 3.11 (na ARC) faz um paralelismo dístico, ou seja, a característica da poesia hebraica que é a expressão de pensamentos sinônimos em cada linha, com o objetivo de fortalecer a idéia. “Filho meu, não rejeites a correção do SENHOR, nem te enojes da sua repreensão”. O mesmo caso acontece no versículo 1º do capítulo 12, transcrito na lição: “O que ama a correção ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é um bruto”.

Assim, precisamos entender disciplina sob esse prisma, pois é com ela que aprendemos quando erramos. Há aqueles que rejeitam a disciplina e preferem continuar no erro, justificando com o jargão errar é humano. Contudo, é mais sábio receber a correção e aprender com os erros dos outros.

Uma expressão que deve ser bem trabalhada em aula é esta: “Nestes tempos tão difíceis e trabalhosos, nós pais somos coagidos a não aplicar a disciplina aos nossos próprios filhos”. O Mensageiro da Paz, de janeiro, trouxe uma matéria com o seguinte título: Pais presos na Suécia por lei da palmada, casal fica 9 meses na cadeia devido a lei similar à discutida no Brasil. O diretor de relações internacionais da Associação de Defesa Legal da Educação Escolar em Casa (ADLEEC), disse: “Na área de direitos da família na Suécia, as coisas realmente não estão indo bem”1.

Aqui no Brasil, ainda é um projeto de lei (da deputada Maria do Rosário, RS). Porém, ele tem causado polêmica. Sobretudo porque essa lei está representando a interferência direta do estado no modo como os pais devem educar os filhos.
Para este assunto, é bem oportuna a introdução do livro: Os Direitos dos Pais, construindo cidadãos em tempos de crise, da educadora Tania Zagury. De forma elucidativa ela coloca: “... sempre defendi a idéia de que a cada direito corresponde um dever. E o que ouço e vejo é tão somente colocações de deveres dos pais e... direitos dos filhos.”

“... os que vivem acusando os pais, como se todos fossem potencialmente irresponsáveis ou perigosos, nunca os vi procurando nada além do que os pais “fizeram de errado” ou do que “os pais deixaram de fazer”, para, em vez disso, e com mais cautela e generosidade, verificar se não haveria talvez outras explicações para os problemas que surgem amiúde na relação familiar atualmente”

“... será que a razão de grande parte dos problemas não seria exatamente a inversa? Quem sabe os problemas da relação pais e filhos não teriam origem – pelo menos em parte – exatamente no fato de estarem hoje os jovens e as crianças excessivamente inflados pelo que consideram “seus direitos?”. Não estariam esquecendo (deixando de lado, ou não sendo suficientemente esclarecidos) de que têm também, e na mesma proporção, deveres e responsabilidades?”2.

Sendo a disciplina “um regime de ordem imposta ou livremente consentida”3, tendo ela a ver com regras que regem certas comunidades, e estando próxima da palavra discípulo, cabe considerar a disciplina como parte da vida cristã, parte da vida da igreja.

Disciplinas espirituais são procedimentos que o cristão deve ter em sua caminhada. Essa palavra era, e ainda é usada nos círculos cristãos, quando um membro da igreja está “em pecado”, e precisa ser disciplinado. Passar pela disciplina, em muitas comunidades cristãs, é o membro ficar afastado de cargos e reuniões fechadas da igreja. Mas, a disciplina espiritual é mais profunda.

Por exemplo, orar a Deus a sós ou em grupo, contribuir financeiramente, ler a Bíblia, freqüentar a Escola Dominical, evangelizar parentes e amigos, são alguns exemplos de disciplina esquecidos por muitos cristãos.

Quando nos esquecemos ou negligenciamos a disciplina cristã, começando nas coisas mínimas, corremos o risco do esfriamento espiritual e conseqüentemente, o temor a Deus se vai, fazendo com que atitudes pecaminosas se tornem comuns, pois a mente fica dormente para as coisas espirituais e aquilo que era pecado, já não causa remorso ou arrependimento no coração. É a mente cauterizada (I Tm 4.2) Foi exatamente o que aconteceu com Ananias e Safira. Ambos estavam dormentes para com a conduta verdadeira da igreja, e se esbaldaram numa seqüência de pecados tais como a mentira, a hipocrisia e o roubo, confirmando a expressão bíblica: “um abismo chama outro abismo” (Sl 42.7).

É preciso considerar a disciplina, seja de que nível for, como algo para o bem, sempre para o bem. O capítulo 12 de Hebreus é rico nesse assunto. A figura de um pai que disciplina seu filho é explorada, colocando como assertiva o fato de que “... tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?” (Hb 12.9). E também, aqueles que estão sem disciplina não são filhos, são bastardos (Hb 12.8).

Boa aula!

Cláudio Ananias



Referências:
1. Jornal Mensageiro da Paz, janeiro de 2011, pag. 19.
2. ZAGURY, Tania. Os Direitos dos Pais, construindo cidadãos em tempos de crise, Rio de Janeiro, Record, 2004, pág. 12.
3. Dicionário Aurélio.

Um comentário:

  1. Preclaro professor Cláudio Ananias,

    Parabéns pelo valioso subsídio da lição do próximo domingo!! Deus te abençoe sempre!

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