sábado, 19 de setembro de 2015

GRUPO DE ESTUDO COSMOVISÃO CRISTÃ - 2º ENCONTRO

Nosso encontro será dia 17/10/2015 (terceiro sábado de outubro), as 16:30horas, na AD de Soledade 2, rua Angra dos Reis, S/N, Natal-RN.

Para o segundo encontro do grupo de estudo Cosmovisão Cristã, vamos tomar como texto base parte do capítulo 4 do livro Verdade Absoluta, de Nancy Pearcey: "Sobrevivendo no período espiritualmente estéril". 

Nesse capítulo, a autora conta um pouco de seu testemunho pessoal, especialmente na adolescência, quando ela teve contato com literaturas seculares e, posteriormente, com os escritos de Francis Schaeffer. Ela também escreve sobre a necessidade de se construir uma cosmovisão cristã, e uma cultura, a partir da história bíblica da Criação, da Queda e da Redenção em Jesus Cristo. Ou seja, como dito pelo professor de ciência política David Koyzis (ver link), "estabelecer e consolidar as instituições a fim de levar esta história, visando explorar as implicações dela para toda a vida e ver ela entregue à geração mais jovem. Isso significa que tanto a educação e o evangelismo devem ser as principais prioridades para a comunidade cristã.". Segue o texto:

Sobrevivendo no Período

espiritualmente estéril
"[Uma cosmovisão cristã] envolve três dimensões fundamentais: a boa
criação original, a perversão dessa criação pelo pecado e a
restauração dessa criação em Cristo."
Aldert Wolters

"Em minha adolescência,fui procurar livros sobre cristianismo na biblioteca da universidade, vagando pelos corredores como uma criança na floresta. Havia acabado de concluir o Ensino Fundamental, quando tivera uma aula de história intelectual ensinada por um professor que era ateu militante. Para mim, isso não tinha importância, visto que eu já rejeitara a fé cristã em que fora criada e estava à procura de minha própria verdade. Até tinha feito um trabalho acadêmico para a classe sobre as razões de eu não considerar o cristianismo digno de crédito.
Mas, para minha grande surpresa, quando ele leu o trabalho, o próprio professor ateísta me exortou a ir mais devagar:"Certifique-se de que você sabe o que está rejeitando antes de tentar algo novo", disse-me ele. "Por que você não pesquisa alguns livros sobre filosofia cristã antes de rejeitar o cristianismo?"
Ele me garantiu que era perfeitamente possível ser "cristão de inclinação liberal" (ou, de forma inversa,"ateu de mente fechada"), assim eu não precisava criticar com tanta severidade minha formação familiar para fazer uma investigação honesta e imparcial da verdade.
Sem nunca ter ouvido falar que havia filosofia (em vez de teologia) cristã, dirigi-me à biblioteca da universidade e procurei no fichado o título "Filosofia — Cristã". Indo em direção às estantes, tirei um livro intitulado Behold the Spírit (Eis o Espírito), de Alan Watts. Quem está familiarizado com a contracultura dos anos sessenta, reconhecerá de imediato que eu caíra numa armadilha: Watts foi figura fundamental na apresentação das religiões orientais para o ocidente, e apesar de o título soar cristão, o tema do livro era que se investigarmos além dos detalhes superficiais, o cristianismo de fato ensina as mesmas coisas que o misticismo oriental. Na realidade, Watts ensinava que todas as religiões são mera janela cultural que se ajusta a um centro comum de crenças — uma "filosofia perene" —, que considera que tudo é emanação do ser divino.
Eu freqüentara a igreja por toda a minha vida (meus pais cuidaram disso) e também a escola primária luterana. Ao longo dos anos, memorizara hinos, versículos bíblicos, os credos e o catecismo luterano, e sou imensamente grata por essa formação. Nunca aprendera nada sobre apologética, ou recebera ferramentas para analisar idéias, ou fora ensinada a defender o cristianismo contra os outros "ismos". Quando li o livro de Watts, fiquei encantada. Por repetidas idas à livraria, levei para casa mais de seus livros, e as obras de Aldous Huxley (que promovia a mesma "filosofia perene") e de Teilhard de Chardin (que oferecia um evolucionismo espiritual místico).2
A única pessoa que olhava por cima do meu ombro para ver o que eu lia e oferecia uma perspectiva crítica era meu problemático irmão mais velho Karl. Ele era irritante o bastante para dizer que o conteúdo desses livros divergia tremendamente do cristianismo ortodoxo. Mas claro que era por isso mesmo que eram fascinantes. Se eu pudesse explorar as idéias religiosas exóticas e, ao mesmo tempo, agarrar-me ao genuíno cerne místico do cristianismo, como prometiam esses livros, tanto melhor seria.
O episódio ilustra uma das razões mais importantes para desenvolver uma cosmovisão cristã: proteger-se da assimilação inadvertida de filosofias estranhas. Como tantos jovens, eu conhecia o teor da Bíblia, mas não fazia idéia de como relacionar a doutrina bíblica ao reino das idéias e ideologias. Quando entrei no mundo intelectual fora do círculo da família e da igreja, eu era um alvo fácil. Não dispunha de nenhuma ferramenta conceituai para repelir os desafios à fé.
"Estai sempre preparados para responder [fazer uma defesa] com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós", diz Pedro (1 Pe 3.15). A palavra grega apologia (o radical da palavra apologética) quer dizer "defesa" e era em sua origem um termo legal; significava a resposta do acusado ao promotor público em sala de tribunal. Mais tarde, o mesmo termo foi usado para referir-se aos primeiros apologistas cristãos — teólogos treinados para defender a nova fé contra o paganismo excessivo do Império Romano.
Entretanto, defender a fé não era tarefa exclusiva dos apologistas profissionalmente treinados. Da mesma maneira que todos os cristãos são chamados para evangelizar, assim todos têm a responsabilidade de aprender a dar as razões (ou explicar, ou responder, ou fazer uma defesa) que apóiem a credibilidade da mensagem do evangelho. Ao "traduzir" a teologia cristã numa linguagem contemporânea, podemos pô-la lado a lado com outros sistemas de pensamento e mostrar que oferece um relato da realidade mais consistente e abrangente.
Há poucos meses vi um anúncio inteligente que apresentava um professor caracteristicamente universitário encarando o leitor com raiva, em cuja legenda se lia: "Conheça o primeiro professor universitário de seu filho. Ele é professor de inglês, ateísta e marxista, que arrasa os crentes calouros".3 Esta é de fato a imagem que deveria vir à mente dos pais cristãos quando enviam seus filhos a universidades seculares. Hoje, a apologética básica tornou-se habilidade crucial para a simples sobrevivência. Sem as ferramentas da apologética, os jovens podem ter firmes bases de estudo e doutrina bíblica; porém, mesmo assim, tropeçam indefesos quando encaram o mundo secular sozinhos. A tragédia é representada inúmeras vezes quando os adolescentes cristãos arrumam as malas, despedem-se dos pais e vão para universidades seculares, apenas para perder a fé antes de se formarem, tornando-se presas das mais recentes novidades intelectuais.

O Mistério do Proibido
Como muitos outros apanhados na contracultura dos anos sessenta e setenta, mergulhei na filosofia oriental, explorei o existencialismo, li as feministas, experimentei drogas e "descobri" que a verdade era relativa e subjetiva. Claro que para alguns adolescentes a contracultura foi mera diversão e brincadeira, mas para mim foi uma procura séria pela verdade e significado. Experimentei drogas alucinógenas só depois de ler livros sobre o assunto escritos por filósofos como Aldous Huxley, que recomendava drogas como meio de entrar na consciência cósmica. Em As Portas da Percepção, ele prometeu que usar alucinógenos abriria a "válvula redutora" da racionalidade comum que restringe nossa percepção ao tedioso mundo cotidiano. Inspirado por Huxley, mergulhei em drogas psicodélicas como parte da busca filosófica por horizontes mais amplos da verdade.
E estranho quando olho da perspectiva de hoje, mas li A Morte da Razão, de Francis Schaeffer, primeiro porque pensei que era outro livro sobre drogas. Antes mesmo de ouvir falar em L'Abri, topei com a primeira edição britânica do livro, cuja ilustração de capa era um pouco sombria e sinistra. E o título prometia exatamente o que eu estava procurando —, liberação da grade tediosa da racionalidade comum. Sim, eu quero "a morte da razão",pensei quando apanhei o livro. Claro que logo vi que o tema de Schaeffer é de modo preciso o oposto: a irracionalidade pós-moderna é um beco sem saída, e só o cristianismo oferece uma resposta logicamente consistente às perguntas filosóficas básicas da vida.
Precisamos ter certeza de que nossos filhos tenham essa mesma convicção gravada na mente: o cristianismo é apto a defender os seus adeptos, quando desafiado no mercado de idéias. Não basta ensinar os jovens crentes a fazer regularmente o devocional, seguir um programa de memorização da Bíblia e unir-se a um grupo cristão na universidade.Também precisamos prepará-los para responder aos desafios intelectuais que eles enfrentam em sala de aula. Antes de entrarem para a faculdade, eles devem conhecer bem todos os "ismos" que encontrarão, desde o marxismo, passando pelo darwinismo até chegar ao pós-modernismo. É melhor que os jovens crentes conheçam estas idéias por pais, pastores e líderes de mocidade de confiança, que podem treiná-los em estratégias para analisar as outras ideologias.
Ao menos essas ideologias perdem o encanto do mistério de coisas proibidas. Quando eu era adolescente, minha irmã mais velha me contou em linhas gerais alguns mistérios da cultura — como a evolução e o relativismo ético —, e lembro-me de como estas idéias ficaram mais fascinantes só porque eram algo que "a mãe nunca me contou isso". A metodologia dominante em muitas escolas e igrejas cristãs é proteger as crianças de ideologias não-bíblicas, e em parte isso é educacionalmente sadio. Faz sentido proteger as crianças até que estejam prontas para lidar com idéias complexas.Todavia, em muitos casos, os estudantes nunca são expostos a outras idéias no ambiente familiar, nas igrejas ou escolas cristãs. Por conseguinte, vão para o mundo sem estarem preparados para as batalhas intelectuais que logo enfrentarão, sobretudo nas faculdades seculares.

Sem Cortina de Fumaça
Quando estes jovens são confrontados em sala de aula por idéias novas e plausivelmente íntegras, talvez percebam que as pessoas em quem confiavam estavam escondendo algo deles. Podem supor que os pais e professores não criticaram as outras idéias, porque não há boa crítica contra elas. Talvez concluam que eles não mostraram como defender o cristianismo, porque é indefensível.
Os estudantes também não obtêm muita ajuda de grupos cristãos na universidade. O grupo com que me associei depois de minha conversão era espiritualmente dedicado a Deus, mas excessivamente anti-intelectual. Como nova crente, havia lutas em minha alma contra os "ismos" que me foram tão sedutores nos dias anteriores à conversão, mas o grupo não sabia dar apoio. Certo dia, quase vencida pelo relativismo influente ensinado nas aulas de sociologia, busquei conselho de um dos líderes do grupo, pedindo de modo desesperado algumas ferramentas intelectuais para defender a opinião de que há a verdade genuína e objetiva; caso contrário, como ter certeza de que o cristianismo é a verdade? Sua resposta foi conduzir a conversa para fora do território intelectual e entrar no conhecido território espiritual: "Nancy, parece que você está com problemas relacionados à certeza de salvação".
Mas eu tinha certeza de que fizera o que era necessário para a salvação: em minha conversão, cumprira o procedimento necessário, pedindo a Jesus que pagasse o preço por meus pecados, que é tudo que Deus exige. Minhas preocupações não eram teológicas. Minha luta era com dúvidas e reconsiderações até sobre a existência de Deus, causadas pela atmosfera quase sufocante do relativismo em sala de aula.
Apesar do estereótipo comum, as questões intelectuais nem sempre são mera cortina de fumaça para problemas espirituais ou morais. A fim de ser eficaz em preparar os jovens e profissionais para enfrentarem os desafios de uma sociedade secular altamente culta, a igreja precisa redefinir a missão de pastores e líderes de mocidade e incluir ensinamentos sobre apologética e cosmovisão. Precisamos parar de repelir objeções à fé ta-chando-as de mero subterfúgio espiritual.Temos de nos preparar para dar o que Schaeffer chamou de "respostas honestas a perguntas honestas".
Quando os Estados Unidos eram uma nação jovem, o ministério das igrejas era integrado por membros bastante cultos da comunidade. A congregação os observava e respeitava suas aptidões intelectuais.Todavia, hoje, as pessoas que estão nos bancos da igreja são tão cultas quanto o pastor; entre a população em geral, o ministério pode até ser menosprezado por ministros limitadamente formados. Neste clima, é imperativo que os seminários bíblicos ampliem a formação pastoral e incluam cursos sobre história intelectual, instruindo os futuros pastores a fazer comentários críticos sobre as ideologias dominantes de nossos dias. Os pastores têm de fornecer liderança intelectual às congregações, ensinando apologética no púlpito. Toda vez que o ministro evangélico apresenta um ensino bíblico, ele também deveria instruir a congregação sobre os modos de defender tal ensin contra as principais objeções que possam ocorrer. Uma religião que evi a tarefa intelectual e se retira para o reino terapêutico das relações e sentimentos pessoais não sobreviverá no campo da batalha espiritual de hoje.

Cosmovisão Envolvente
Passemos agora ao centro desta seção do livro. Vamos lhe dar a chance de praticar a construção de uma cosmovisão. A grade criação, queda, redenção é útil para diagnosticar as tradições teológicas, como vimos em capítulos anteriores.Também fornece o andaime para construir uma perspectiva cristã sobre qualquer tópico, além de servir de grade para analisar outras cosmovisões.
Em qualquer campo, o modo de construir uma perspectiva de cosmovisão cristã é fazer três conjuntos de perguntas:

1. CRIAÇÃO: Como este aspecto do mundo foi criado em sua origem? Qual era sua natureza e seu propósito originais?

2. QUEDA: Como a criação foi torcida e retorcida pela queda? Como foi corrompida pelo pecado e pelas falsas cosmovisões? Sem Deus, a criação tende a ser divinizada ou endemoninhada, ou seja, torna-se ídolo ou demônio.

3. REDENÇÃO: Como podemos colocar este aspecto do mundo sob o senhorio de Cristo, restaurando-o ao propósito para o qual foi originalmente criado?

Apliquemos estas categorias a algumas áreas-chave: educação, família e uma ampla teoria social cristã.

Consertando as Ruínas
As Escrituras exortam os pais a transmitir as verdades bíblicas à geração seguinte. Quando os israelitas estavam postados para entrar na Terra Prometida, Moisés enfatizou a necessidade de transmitir a herança religiosa aos filhos: "Ensinai-as [estas minhas palavras] a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te" (Dt 11.19). A linguagem descreve a imagem de famílias transmitindo a fé por ensino formal e por conversas cotidianas.
Em todos os períodos da história, os cristãos têm se encarregado seriamente da educação, fundando escolas, promovendo a alfabetização e preservando a herança literária da cultura em que vivem. Depois da queda de Roma, foram os monges que preservaram as grandes obras-primas literárias e filosóficas do mundo clássico, copiando de modo meticuloso manuscritos antigos, bem como comentários e interpretações para explicar o significado do texto.3 Os reformadores preconizaram o sacerdócio de todos os crentes — a responsabilidade de cada um saber e entender a Bíblia — e fundaram escolas de catecismo para ensinar os princípios da fé às crianças desde tenra idade. Quando os puritanos desembarcaram no litoral americano e começaram a clarear a mata, em apenas seis anos já tinham fundado a primeira universidade (Harvard) para instruir os jovens no ministério e liderança política.
Como aplicamos as categorias da criação, queda e redenção à educação? A criação afirma que as crianças são criadas à imagem de Deus, o que significa que elas têm a grande dignidade de ser criaturas com a capacidade ao amor, moralidade, racionalidade, criação artística e todas as outras aptidões exclusivamente humanas. A educação tem de discursar sobre todos os aspectos do ser humano. Não podemos nos contentar com uma metodologia behaviorista que trata os estudantes como máquinas complexas de estímulo-resposta. Nem podemos adotar uma metodologia construtivista, que trata os estudantes como organismos que se adaptam ao meio em que estão, usando conceitos como meras ferramentas para organizar a experiência subjetiva. O cristianismo oferece a base para uma visão mais sublime da natureza humana que qualquer outra cosmovisão que comece com forças impessoais que operam por acaso.6
A visão bíblica da natureza humana também é solidamente realística. A doutrina da queda nos ensina que as crianças são, como todos nós, propensas ao pecado e necessitadas de orientação moral e direção intelectual. Em conseqüência da queda, Deus deu revelação verbal que nos permite ordenar a vida segundo verdades infinitas e universais, que, do contrário, estariam indisponíveis a criaturas caídas e finitas. Os educadores cristãos não aceitarão o otimismo do Iluminismo que diz que a razão simples, sem a revelação divina, é capaz de alcançar uma visão divina do mundo. Nem aceitaremos a noção romântica de que as crianças vêm para a terra naturalmente inocentes,"arrastando nuvens de glória". Estas duas filosofias negam a realidade da queda e geram métodos progressivos de educação que se abstêm de ensinar aos estudantes o que é verdadeiro ou falso, o que é certo ou errado, e esperam que eles descubram suas próprias "verdades".7
Redenção significa que o alvo da educação é preparar os estudantes para assumir sua vocação em obediência ao mandato cultural. Cada criança deve entender que Deus lhe deu talentos especiais para fazer uma contribuição única para a tarefa da humanidade em inverter os efeitos da queda e ampliar o senhorio de Cristo no mundo. Como escreveu o poeta John Milton, a meta do aprendizado "é consertar as ruínas de nossos primeiros pais".8 Para fazer isso, toda área de estudo deve ser ensinada segundo uma perspectiva solidamente bíblica, de forma que os estudantes entendam as interconexões entre as disciplinas e descubram por si mesmos que toda a verdade é a verdade de Deus.
Ao mesmo tempo, devemos estar alerta contra os falsos pontos de vista da redenção que formam várias teorias educacionais hoje. Os proponentes de quase toda ideologia buscam ganhar uma posição segura em sala de aula, porque sabem que a chave para moldar o futuro é moldar a mente das crianças. Talvez tenhamos de agir defensivamente em relação aos métodos de meditação e imagem dirigida da Nova Era aplicados em sala de aula (redenção pelo cultivo de uma consciência mais alta); ou o abuso de técnicas terapêuticas para que os estudantes mudem de atitude e se ajustem a algum programa de trabalho progressivo (redenção por ajustes psicológicos); ou programas de justeza política e multiculturalismo (redenção por políticas esquerdistas).4 Muitos pedagogos já não definem que educar seja ajudar os estudantes a aprender habilidades e obter conhecimento, mas capacitá-los a alistar-se em causas sociais aprovadas. A medida que a cultura americana se afasta de sua herança cristã, a sala de aula pública está se tornando um campo de batalha para ideologias concorrentes, de forma que uma de nossas tarefas mais importantes é ensinar os estudantes a identificar e comentar criticamente as cosmovisões.

Reequipando a Família com Ferramentas
Como a grade da criação, queda e redenção nos oferece ferramentas para elaborar um conceito bíblico da família? Na qualidade de instituição social básica, a família funciona de laboratório para numerosas experiências sociais.Todo visionário político sonha com um esquema que reequipe a família com novas ferramentas, abolindo-a completamente em prol de ou um estatismo radical ou um individualismo radical.
O estatismo é um tema recorrente desde o surgimento da cultura cidental. Até certo ponto surpreendente, o pensamento político e social ocidental é hostil ao papel da família no que propõe ser a sociedade ideal. Os intelectuais seculares desde Platão, Rousseau, B. F. Skinner a Hilary Clinton se encantam com a idéia de pôr a criança diretamente aos cuidados do Estado e não da família.
Para nos opormos a tais esquemas utópicos, temos de começar com a criação. A doutrina bíblica da criação fala que a família é o padrão social que é original e inerente à natureza humana. É normativa para todos os tempos e todas as situações históricas. Embora haja variedade nos detalhes, a natureza essencial da família não pode ser remodelada à vontade. Todo esquema utópico que busque lançar a família na lata do lixo da história estará trabalhando contra a própria natureza humana.
Os utopistas que negam a criação também rejeitam a queda, rejeitando totalmente a idéia de que a natureza humana é corrupta e propensa ao mal. Em vez disso, redefinem todos os problemas sociais como desordens temporárias que podem ser solucionadas pela educação e engenharia social. "Os utopistas são motivados pelo desejo de superar os efeitos da queda sem confiar na redenção divina", escreve Bryce Christensen em Utopia Against the Family (Utopia contra a Família). "A maioria dos utopistas deseja ser como deus' (ver Gn 3.5) pela obstinação e engenharia humana, e não pelas bênçãos dos céus."1"
Assim, nasce uma imagem sedutora de redenção pela criação de um novo jardim do Éden, um retorno ao estado original de inocência. No famoso romance de B. F. Skinner, Walden II, o fundador descreve que sua comunidade utópica é "uma melhoria do Gênesis"."
De modo irônico, quase que toda tentativa histórica de melhorar o Gênesis terminou em um estado coercitivo e totalitário. Por quê? Porque, ao contrário da visão utópica, o pecado é real e não pode ser simplesmente manejado fora da existência. Por isso, o Estado sempre tem de forçar as pessoas a cumprir seus esquemas utópicos. A destruição da família é mera ferramenta para aumentar o poder do governo sobre os indivíduos, eliminando lealdades concorrentes, no esforço de criar submissão total ao Estado. Para defender a família contra programas estatistas de trabalho, precisamos argumentar de maneira incisiva que só o drama bíblico da criação, queda e redenção oferece um relato realístico e humanitário da natureza humana e da estrutura e propósito da família na sociedade."

REFERÊNCIA:

PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta: libertando o Cristianismo de
seu Cativeiro Cultural. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 139-147.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

VÍDEO - O PROBLEMA DA MORALIDADE SUBJETIVA

Para nosso primeiro encontro do grupo de estudo COSMOVISÃO CRISTÃ, além do texto A DITADURA DO RELATIVISMO, do pastor Geremias do Couto, vamos tomar como referência também o vídeo O PROBLEMA DA MORALIDADE SUBJETIVA, em que o apologista Ravi Zacharias responde a um questionamento. 


Assistam o vídeo, façam apontamentos. Bom estudo e até lá.

GRUPO DE ESTUDO COSMOVISÃO CRISTÃ - 1º ENCONTRO

No próximo dia 12/09/15, às 16:30 horas, um sábado, na Assembleia de Deus do conjunto Soledade 2, pólo do setor 3 (Natal-RN), estaremos iniciando o Grupo de Estudo Cosmovisão Cristã, com o objetivo de discutir questões da atualidade como: relativismo, moralidade, bioética, ateísmo, homossexualismo, etc, sempre sob o prisma da ótica cristã.

Para esse primeiro encontro, tomaremos como base de discussão o artigo do pastor Geremias Couto: A ditadura do relativismo (ver link). Leiam o artigo, façam anotações, apontamentos, etc. Boa leitura para todos.

Obs: Aqueles que quiserem participar, podem ir ao primeiro encontro e colocar seu nome na lista.

Abaixo, segue o texto para discussão:

A ditadura do relativismo
"Obs. Este artigo, de minha autoria, foi originalmente publicado na revista “Enfoque”. Por sua atualidade, trago-o outra vez à luz neste espaço, com algumas adaptações, enquanto estou em processo de finalização das “Lições Bíblicas” para a CPAD.
É bastante complicado, hoje, lidar com questões envolvendo aquilo que é certo ou errado. O predomínio do multiculturalismo e da pluralidade religiosa em seu aspecto mais nefasto, que nada mais são do que instrumentos da pasteurização do pensamento, contribui de forma significativa para que cada um estabeleça a sua verdade particular sem levar em conta princípios universais, “que valem para todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares”.

Vive-se, por isso, a ditadura do relativismo. A tolerância não é simplesmente sinônimo de respeito às diferentes formas de pensar, mas a arma empregada para constranger àqueles que crêem que nem tudo é relativo. Em outras palavras, ao menor sinal de que uma determinada verdade pode ter caráter universal, logo aparecem, em número bastante expressivo, por sinal, os que querem relativizá-la.

“Trata-se de opção pessoal”, afirmam. “Nem tudo o que é errado para alguns, o é para outros”, acrescentam. Com essa conversa até bem articulada, vão minando as resistências e impondo um tipo de comportamento em que se torna politicamente incorreto falar da observância de princípios que jamais se alteram e abrangem a todos. A simples manifestação de idéias contrárias a avalanche relativista é execrada diante da opinião pública. Querem tirar-nos o direito de pensar e de divergir do que os outros pensam.

Sei que essa discussão dá panos para mangas. Desde a Grécia antiga os filósofos se debatem em busca da verdade. A Bíblia, por seu turno, registra a célebre pergunta de Pilatos: “Que é a verdade?”. Estou consciente de que um dilema milenar como este não se resume em algumas poucas linhas e não comporta qualquer simplificação. Mas a própria perquirição do homem ao longo dos séculos é testemunho eficaz de que ele admite - mesmo negando - a existência da verdade suprema que resulta em verdades universais.

O artigo “Saudades de Deus”, de autoria de uma advogada que se identificou como atéia e agnóstica, publicado há alguns anos em “O Globo”, jornal de circulação nacional, é a confissão do fato. Apesar de seu ceticismo, ela reconhece, em suma, que as mazelas do mundo são a triste conseqüência que a sociedade trouxe sobre si ao tentar excluir Deus de sua história. Quero ressaltar, mais uma vez, que isso não foi dito por um pastor, padre ou rabino, mas por alguém declaradamente ateu.

Em última análise, a perda progressiva desse referencial supremo - a verdade absoluta - conduz às verdades particulares, e não universais, que a si mesmas se sobrepõem e a tudo relativizam. Embora haja no íntimo, como no caso da advogada mencionada, algum traço de reconhecimento de que sem essa ordem estabelecida em bases universais por esse Ser Superior, a quem a Bíblia identifica como Deus, só resta o caos.

Não quero insinuar que não haja espaço no mundo para as coisas relativas. A diversidade é marca proeminente da própria criação. Não há dois seres iguais. Gostos, vontades e propósitos diferem de uma para outra pessoa. Escrevi no blog de Norma Braga, em comentário sobre o artigo “Deixados no vácuo”, que “se Deus fizesse a todos iguais, como seria monótono o mundo!” Mas até nisso fica transparente o princípio da verdade absoluta, que, de forma soberana, permite ao homem ser diferente e lhe dá a responsabilidade de decidir o que deseja.

Assim, quando questiono a ditadura do relativismo não quero negar a diversidade. Proponho apenas afirmar que nenhuma verdade sobrevive universalmente se não estiver ajustada ao princípio da verdade absoluta. Não é simplesmente o que o homem pensa ou quer, mesmo que isso lhe seja um direito inalienável assegurado pelo Supremo Bem. É saber, aí sim, se o que ele pensa ou quer tem coerência com os princípios que procedem de Deus.

Em se tratando da revelação bíblica prevalece a mesma lógica. Extrair uma verdade escriturística e lhe dar cor extrema, isolada de seu contexto, é transformá-la na mais deslavada mentira. Tome-se como exemplo a doutrina da expiação. Não há nenhuma dúvida para a fé cristã de que, em Cristo, todos os pecados - passados, presentes e futuros - foram expiados. É uma verdade universal. Mas daí a usar essa verdade como subterfúgio para continuar pecando é negar a própria eficácia da expiação. É dar-lhe caráter particular, deixando de reconhecer que ela sobrevive no contexto de outras verdades bíblicas e universais, como a doutrina da santificação, apenas para citar.

Como o meu espaço está terminando, vamos então direto ao ponto: É possível, sim, à luz da verdade absoluta, estabelecer verdades universais que sirvam de parâmetros precisos para se lidar com aquilo que é certo ou errado não só para uma pessoa, mas para todos. Quer você queira quer não, há coisas que são erradas tanto para você quanto para mim. E há também coisas certas. O resto se resume na falência que hoje desgraça o mundo por falta dessa compreensão.

PS. Este artigo foi originalmente publicado antes de eu conhecer o livro “Verdade Absoluta”, de Nancy Pearcey. Alinho-me às teses ali defendidas. Mas cito o fato apenas como testemunho de que o Espírito Santo vem “soprando” em vários lugares, ao mesmo tempo, trazendo luz sobre a verdade de Deus." (Pr. Geremias do Couto).